quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Fuga ao tema

-Sabe que o coração não sente não é? Tudo isso são emoções neurológicas. O coração em si bombeia sangue.

-O meu sente. O seu não porque você é fria.

Disseste brincando, meu bem, eu sei. Mas sabe que me incomodou? De todas as pessoas, eu sou a fria? Tu poderias dizer qualquer coisa de mim, mas falar de minha frieza? Sei que isso é tempestade em copo d'água, mas não faz ideia do que está dizendo. E nem eu sei... O que foram esses meus pensamentos que não me deixei relatar? Direi então, apenas pra não ser mentirosa além de fria. Não faz ideia pelo que passei.

O que são essas palavras saindo de minha boca. Tão familiares, tão odiadas, tão... dele. Quando ele me disse dessa forma, odiei-o tanto, achei-o tão cínico. E logo tal ideia me vem, com a mesma construção, a mesma forma, o mesmo tudo.

Senti então dois medos diferentes. Com você senti medo de estar me tornando fria. É verdade que tenho medo disso todas as vezes que leio frases românticas e as detesto. E agora senti medo de estar me tornando cínica e hipócrita como ele era. Então talvez tenha sido um medo só. Apenas o medo que me assombra há tanto tempo. O medo de me transformar nele. Apenas uma pessoa vazia alimentando-se de corações alheios.

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