terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Entardecer

Não, não consigo desama-lo. Consigo quando muito decepcionar-me quando quebra as promessas que não fez. Quando omite novamente as lagrimas que não chorou. Quando sorri escondendo todos os sonhos e amores que não sentiu. 

Consigo detestar-me quando me faz quebrar as promessas que fiz. Quando me faz omitir as lagrimas que me desabaram. Quando me faz sorrir e esconder os sonhos com você, e o amor que ainda sinto.

Sim, eras tu o mal-feitor. E mesmo que não o sejas dessa vez, aprendi a pensar que o foste. Que o é sempre. Talvez se não for tão bom pra mim, eu consiga deixar de lembrar, de querer.

-Ei, quando sair pode acender a luz? Já está escurecendo demais, e sabe que tenho medo do escuro.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Talvez tenha sido apenas a surpresa de constatar que sentiu-se um tanto quanto desprestigiada por não ter sabido mudá-lo, e agora ele o faz sem você.

Ah, as janelas de alguém literalmente fechadas, aprisionando-a e transformando em noites todos aqueles dias. Esse alguém que ainda espera e suporta o que você já deixou ir, ainda que superficialmente. Carrega-se vazia, porém pesada. Passos curtos, quando gostaria de correr. Passos errantes que querem voltar, são sufocados nessa tirania. Pensa-se racionalmente com o coração? Não há mais coração, apenas aquele que bombeia sangue.

-Desista e fuja enquanto ainda pode!

Mas você não pode, pois está presa. Poderá um dia? Poderei eu? Sem mentiras nem autocontrole excessivos. Sem ter de reprimir minhas lembranças por estas me afundarem. Viver sem medo de mim, que sonho...

Olhou-se nos olhos dele como eu já olhei também. Amou-o muito, eu bem sei. Sentiu-se escolhida, ouviu e reconheceu um coração. Sentiu-se até um tanto honrada por estar ali. Encontrou naquele ser que outrora considerou medíocre surpresas indescritíveis. 

Está incerta, não sabe se esse é o certo a se fazer no momento. E é aí que as histórias se divergem. Mesmo quando acreditava que o tinha, ainda sabia deseja-lo da mesma forma. E você não. Sinto um certo egoismo dessa oportunidade dada à alguém que não a merece, que não lhe dá o correto valor.

Pessoas caladas por tempo demais, fechadas por natureza, quando falam, falam muito. Tive minha dose e você procura a sua. É agradável, devo dizer. Assustador, às vezes, mas agradável. E então torna-se responsável por aquela alma, você querendo ou não. É o preço.

Ainda que você o tenha possuído, o fim convergiu-se. Um certo afastamento espiritual e desapontamento. Mas o que deve ser considerado mais danoso? Viver pra descobrir uma mentira e magoar-se? Ou morrer com uma boa imagem? Não sei, feliz ou infelizmente não pude saber, nem ela contar. Não se vive os dois...

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Um copo inacabado de vinho, uma casa velha, um incêndio. E a janela sempre aberta, sempre.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Cheiro de roupa lavada, cloro, amaciante. Calor inebriante que espalha odores pelo concreto de sua alma, mas que não acalma-a, não a deixa dormir, nem acordar tampouco. Fica zonza e sonolenta. Não consegue pensar e nem esquecer. Briga, grita, o rosto se avermelha e perde a razão. E o cheiro do alcool já lhe chama, mesmo ela sabendo que não há odor algum...

Umidade desconfortável que lembra daqueles sonhos afogados, submersos em nitrogênio para não serem deteriorados. Mas que importa, não são esquecidos nem vividos. São memórias desagradáveis. Começam bem, é verdade, mas o fim é sempre deplorável... 

Se levanta e vai, homem, nada te impediu da última vez.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Padeci por ignorar que a estrada não tinha saídas. Porém se antes encolhi-me, hoje escolho-me.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Juntam-se lembranças

Estive lembrando de um dia de quando eu era criança. Estávamos no parquinho onde passávamos a maior parte do tempo já que as aulas em si eram o intervalo, uma interrupção de nossa hora de brincar. Lembro que estávamos eu e um garotinho qualquer, de quem não recordo o nome e nem se eramos amigos ou não, andando numa mureta em círculos, mais precisamente em quadriláteros, mas isso não vem ao caso. Andávamos simplesmente, talvez numa forma de mostrar nossa destreza e equilíbrio, já que no auge dos meus 5 anos, aquilo deveria ser como caminhar na muralha da China. E de repente, este menino vira-se pra mim e me chuta o estômago. Lembro-me de não entender nada e até de ter me passado pela cabeça o pensamento: "De onde veio isso? O que foi que eu fiz?"

Você pra mim foi como este menino. Não me lembro bem se fomos realmente amigos ou não. Mas ignorando o que eramos, caminhávamos juntos numa corda bamba, provando nosso equilíbrio ou falta dele. E a sensação que me trouxe mais tarde foi bem parecida com ser socado no estômago. Dói, e você tenta gritar por ajuda, e você tenta correr, e tenta se defender disso de alguma forma, mas não consegue. Não consegue nem respirar e nem pensar direito.

Enfim, estou apenas esperando que esta sensação passe, e que possa entrar ar de volta aos meus pulmões.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Ou talvez eu apenas queira um destino que não é o meu. Por fim foco num futuro que depende apenas de mim. Que não dependa de amigos que se vão, histórias mal explicadas, mentiras bem ensaiadas, gargantas e almas secas, e corações outrora esperançosos, partidos. 
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